gerações e tendências
Não faz muito tempo que a internet entrou em uma grande discussão sobre as diferenças entre millennials e Gen Z.
Café é uma delícia. Calça skinny é brega. A palavra cafona é cafona. Como assim ir para a Disney é a sua viagem dos sonhos? E por aí vai...
As diferenças entre as duas gerações são singulares e conseguimos enxergar isso claramente ao ver como cada geração se comunica online. O contexto mudou e precisamos entendê-lo bem para usá-lo a nosso favor.
Em um mundo mais acelerado, não temos tempo a perder e nosso tempo nas redes sociais precisa ser usado de forma intencional. Caso contrário, será fácil cair no esquecimento.
Quem souber unir o melhor dos dois mundos autenticamente (sim, Hannah Montana, não é só você que pode fazer isso), deixará sua marca por onde passar.
Um dos assuntos que permeiam a diferença entre as gerações é a tal “pausa dos millennials”. Essa pausa acontece na forma de falar sobre algum assunto em vídeos: — posiciona a câmera, se arruma, olha para a câmera, faz uma pausa e só depois começa a falar.
Geração Z
A geração Z não se preocupa tanto com isso. Quando quer dizer algo, já vai direto ao ponto, normalmente os vídeos acontecem no mesmo movimento. Sem pausa na câmera ou na fala.
Tudo anda muito rápido, inclusive a tecnologia. Não dá para comparar a velocidade e ritmo que as coisas aconteciam enquanto os millenials eram adolescentes. O acesso a internet, antes discada, passou a ser na palma da mão. Sem contar na evolução dos computadores, câmeras e celulares.
Millennials
Para os millennials, os celulares chegaram sem câmera, por isso, andavam com uma câmera na bolsa e depois baixavam aquelas imagens e vídeos nos computadores, para então, compartilharem os registros. Levava tempo.
– Quem se lembra do barulho que as câmeras digitais faziam, que sinalizavam o modo gravando? Era quase um ritual de olhar para câmera e checar que ela estava gravando. Por isso, a pausa.
A evolução continuou, e os millennials seguiram como parte do experimento da evolução. Foram os precursores na produção de conteúdo e no consumo no Youtube. Vídeos de 10, 20, 30 minutos, em que cada um deles, tinha cerca de 2 minutos de apresentações, divididos entre vinhetas e informações gerais sobre o vídeo. Só depois, o assunto.
Não existia ir direto ao assunto sem esse rodeio antes. E não foi assim que os millenials aprenderam?
contexto
O contexto mudou. A velocidade mudou. Os 2 minutos de antes não são os mesmos de hoje. Percebem que houve também, uma mudança no comportamento?
Por isso, vale a pena questionar as pausas. Elas são necessárias porque ditam um ritmo que você defende como voz ou estão aí pela força do hábito?
Se o contexto e o comportamento mudaram, preservar a mensagem é o mais importante, e aqui é que muita gente se perde. Por isso, o comunicar não deve existir regras, mas sim, adaptabilidade para:
Entender que as formas sempre vão mudar, nunca saberemos o que a tecnologia nos reserva. Um dia foi foto, outro vídeo, um dia facebook, no outro tiktok. O contexto mudou e tem espaço para todos no sol
Entender que a mensagem é sempre o mais importante no comunicar, muito mais do que as formas. Uma mesma mensagem pode ser reproduzida de diferentes formas, isso a torna singular e a permite perdurar por mais tempo.
Considerar se a mensagem tem chegado no ouvinte. Estamos sendo ouvidos ou ignorados? Aqui, o senso crítico para entender se é a forma ou a mensagem.
Considerar se o todo nos representa. Se tem personalidade ali. Seja indo direto ao assunto como a GenZ, ou nem tanto como os Millennials.
movimento
É disso que a Geração Z gosta. Não sabemos parar, descansar ou desconectar (e para falar a verdade, nem sempre queremos isso). Passamos tanto tempo online que, quando algo acontece offline, corremos direto para as redes sociais para contar sobre o ocorrido.
Quando paramos para gravar um story ou vídeo, já começamos chamando a atenção e indo direto ao ponto, sem rodeios.
Não dizemos o que achamos, mas somos objetivos e afirmamos o que acreditamos.
Por isso, criamos o hábito de abrir a câmera, começar a gravar e ir direto ao ponto. Sem demora, sem rodeios e sem pausa. É uma forma de produzir conteúdo cheio de movimento e que atrai quem está do outro lado das telas. Assim é o GenZ shake. Abrimos a câmera e já estamos prontos para entregar nossa mensagem ao mundo.
Autenticidade e Expressão
Seguir os formatos de conteúdos virais está fora de moda. Copiar e colar o que está em alta não é o melhor caminho.
Talvez você pense: "Como assim está fora de moda seguir o que está na moda?"
Sim, é exatamente isso. Os consumidores de conteúdo estão cansados de ver os mesmos formatos repetidamente.
“3 dicas para…”
“Esse é o segredo…”
“O que não te contaram sobre…”
“Você precisa de”
Esse tipo de conteúdo não atrai mais.
Ser autêntico é legal. A vida real é o que queremos consumir.
E o que nunca sai de moda é ser você mesmo e encontrar o seu jeito único de produzir conteúdo. Quanto mais autêntico, melhor.
Crie a sua própria tendência, desenvolva uma série de posts únicos, conte histórias do seu cotidiano.
Não é à toa que o Be Real, um aplicativo em que você envia fotos em tempo real, se popularizou entre os jovens da tão amada "rede vizinha". As marcas estão cada vez mais focadas em UGC (conteúdo gerado pelo usuário), procurando pessoas reais - que não são necessariamente influenciadoras - para usar seus produtos ou serviços no dia a dia e produzir conteúdo genuíno, sem muitos floreios.
Ser verdadeiro e genuíno é o que atrai as pessoas certas que estão na sua vibe e fortalece a sua marca.
estética das gerações
A estética cumpre um papel importante na comunicação e expressão de uma marca. Tudo aquilo que é visual acaba sendo fio condutor da atenção de uma mensagem, antes mesmo da fala.
A imagem possui um conjunto de significados não verbais. Cores, formas, fontes, objetos, texturas ou roupas. Existe um significado por trás de cada escolha visual, todas elas emanam uma mensagem, sejam elas conscientes ou não.
A estética utilizada nas redes sociais, também muda muito entre uma geração e outra, essas são as maiores diferenças da geração Z:
Usam o zoom em tudo, trazendo foco para os detalhes presentes nas fotos ou são mais abstratos, usam o zoom trazendo algum mistério ou movimento para a foto
Completam as bordas da tela, de modo que a imagem preencha toda a tela
Não usam os filtros prontos do instagram
Usam uma fonte mais clean ao escrever sob alguma foto
Respeitam margens das fotos
Escrevem com o texto reto ou seguem formatos que existem em uma foto. Entendem que textos tortos ou grandes poluem a imagem, e consequentemente, a mensagem
Ajustam o tamanho da fonte com o contexto da imagem
Usam a exposição baixa para dar contraste
Possuem um cuidado com o excesso – emojis, elementos que tiram o foco da mensagem
Não usam hashtag
Não usam tags na tela
Se colocam a localização, ela aparece transparente
Não usam adesivos, stickers e gifts e elementos na tela
ordem cronológica
Um storytelling não linear. Todo mundo fala que você precisa fazer conteúdos contando histórias, mas ninguém te fala como.
Hoje em dia, estamos vivendo uma guerra por atenção. Quanto mais conteúdos consumimos e mais rápido o mundo acelera, menor é o nosso foco e tempo que conseguimos ficar concentrados em uma única tarefa.
Considerando que o ritmo online é muito diferente do ritmo da vida real e que, quando estamos na internet, raramente temos paciência para assistir a vídeos longos em que a pessoa demora a chegar ao ponto principal, precisamos entender a forma mais dinâmica de contar histórias. Falo isso por experiência própria e porque já vi outros GenZ pulando vídeos no TikTok só para chegar ao final da história.
É interessante ter um gancho que chame a atenção rapidamente e trabalhar a narrativa de uma forma que retenha a atenção. E é essencial que você seja objetivo.
Nada de começar o seu vídeo como se ele fosse um conto de fadas ("Era uma vez...").
Em vez de começar a história do início e abrir os stories dando "bom dia" e perguntando se seus seguidores estão bem, por que não começar de uma maneira mais dinâmica, contando sobre seus planos para o dia ou trazendo uma reflexão?
Se você faz um vídeo já indo direto ao ponto, é muito mais atraente para quem está assistindo e mais fácil de gravar.
A forma de contar histórias está cada vez menos linear e você verá muitas pessoas começando a história pelo final antes de voltar para o início.
conteúdo pago e por assinatura
Nos últimos anos, tivemos um crescimento exponencial dos streamings, como forma de consumir entretenimento de forma inchada. Esse movimento tem ganhado força também, em assinaturas para ter acesso a conteúdos exclusivos de criadores e escritores.
E não, não é assinatura para aprender algo, como vimos o boom em 2020 com o aumento de cursos online. Aqui, são assinaturas de conteúdos específicos de pessoas que querem falar e se aprofundar em determinados temas e pautas, mas que para isso, precisam dedicar horas para tirar o projeto da gaveta. Quem assina, deseja aprofundar em um conteúdo segmentado e ao mesmo tempo, investe na produção de conteúdo independente, permitindo que o criador tenha mais tempo dedicado a pesquisas, gravações, interações e benefícios específicos para quem participa.
Recentemente, a Luísa Ferreira anunciou a sua comunidade Habra, que envolve conteúdos específicos e segmentados sobre hábitos, como newsletters, podcasts, vídeos e até eventos presenciais para os seus assinantes. Como uma prestação de serviços, todo conteúdo aqui é aprofundado pelo fato de ser pago.
Engraçado ver, que o movimento que antecedeu o lançamento da HABRA, partiu de um lugar de se posicionar enquanto marca pessoal e não como chata de galocha, para aí sim, enxergar que outros projetos podem ser vinculados à sua marca pessoal, e não da marca do chata.
Lara Nesteruk também tem um canal parecido, onde compartilha um arquivo sobre suas vivências e pensamentos por temas.
No final das contas, cada geração encontra a sua maneira singular de expressar a sua verdade e comunicar. O que pode ser motivo de questionar: será que estamos mesmo tão distantes uns dos outros?
abraçe as diferenças
Millennials e Gen Zs têm suas diferenças, sim, mas será que essas diferenças não nos oferecem a oportunidade de aprender e crescer juntos? Enquanto os millennials valorizam a pausa e a reflexão, a Geração Z traz a urgência e a autenticidade do agora. Talvez a chave esteja em encontrar um meio-termo, onde possamos unir a profundidade de um com a espontaneidade do outro. Afinal, estamos todos navegando pelo mesmo mundo digital, buscando maneiras de deixar nossa marca. E você, já pensou em como vai fazer isso?